sábado, 29 de maio de 2010

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A vida difícil dos aposentados nos dias de hoje

Atualmente muitos aposentados enfrentam situações complicadas no dia- a dia. Assaltos em bancos, filhos desempregados que precisam de ajuda financeira, gasto excessivo com remédios. Sendo assim, em vez de terem uma vida tranqüila depois de trabalhar uma vida inteira, resta à eles enfrentar problemas deste tipo.
Segundo a professora aposentada Neusa Pires, é preciso muito equilíbrio para enfrentar as dificuldades nos dias de hoje. “Precisamos estar sempre atentos nas saídas de banco, atenção total nas ruas, pois os marginais estão sempre dispostos a atacar alvos frágeis como nós, os aposentados”, explica.
Os aposentados enfrentam muitas filas em bancos para tentar solucionar seus problemas, e muitas vezes, se decepcionam com o mal atendimento e informações erradas.
Para a aposentada Darci Pires Rigodanzo, os empréstimos fazem os aposentados se afundar mais em dívidas. “Fui ao banco falar com meu gerente sobre empréstimos, e fui muito mal atendida. Fiz um empréstimo pensando em ajudar meu filho a quitar suas dívidas e me decepcionei. Meu gerente passou uma informação errada sobre empréstimo e, com isso, me atolei mais em dívidas. Graças a Deus consegui quitar tudo, mas foi com muito sofrimento. Os aposentados deveriam ter uma atenção especial”, conclui.
Com a medida Provisória 475 que aborda assuntos do reajuste da aposentadoria aprovada no Senado, as pessoas que recebem os ganhos de um salário mínimo do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) obterão suas vantagens padronizadas de 6,14% que vigoram desde janeiro‏ para 7,72%. Segundo o senador Paulo Paim (PT-RS), resta neste instante ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva dar a sentença se proibirá o texto sancionado pelo Congresso. “Incapacidade moral seria permitir o fator previdenciário que causa desgosto os mais humildes. Neste momento, nós adquirimos autonomia entre as autoridades, nós todos agimos conforme nosso conhecimento. E o presidente Lula agirá conforme o dele”, explica Paim.

Para mais informações acesse: http://www.senadorpaim.com.br

domingo, 23 de maio de 2010

अ सौदा longa

Cap 1 –Como a tecnologia está convertendo o mercado de massa em milhões de nicho
Principal mudança

Mercado de Massa;
Ambiente Físico
Mundo da Escassez

Mercado de Massa;
Ambiente Físico
Mundo da Escassez

A indústria da música se limita a menos de 60 mil faixas. Contudo, para varejistas on-line, o mercado é aparentemente infinito.
O que se encontra na Cauda Longa? Qualquer coisa, como velhos sucessos, gravações ao vivo, covers... São gêneros, dentro de gêneros, dentro de gêneros.
O que antes o preço tornava inacessível nas prateleiras hoje podem ser encontradas no ambiente da web = cauda longa.

Conjuntura atual
O mercado de livros que nem mesmo são vendidos na maioria das livrarias já corresponde a UM TERÇO do mercado principal e está crescendo com rapidez.
“O dinheiro de verdade está nas menores vendas”.

Exploração do cauda longa

Google: grande parte de sua receita não vem das grandes empresas anunciantes mas com a propaganda de pequenos negócios –CAUDA LONGA DA PROPAGANDA;
eBay: explora produtos de nicho, desde carros para colecionadores até tacos de golfe adaptados;

Diferencial do E-commerce

Crescimento mais acelerado dos negócios é a venda de produtos que não estão disponíveis nas lojas de varejo físicas tradicionais. Ex: Amazon;
Sem precisar pagar espaço de prateleira, a venda de um produto de nicho é apenas mais uma venda, com margens iguais ou melhores do que as dos hits.

Ascensão e queda dos campeões de venda

Antes da Revolução Industrial –cultura local –1º Era da Cultura de Nicho (determinismo geográfico)
Prensa de Gutenberg –distribuição da Bíblia
Século XIX –crescimento do sistema de rodovias, urbanização
Expansão da Imprensa –criação do Fonógrafo –1º grande onda de cultura popular –jornais e revistas ilustradas, romances, panfletos políticos, livros infantis, catálogos comerciais

Século XX –mercado de massa –Cinema
Meios de broadcast pelo rádio e televisão
Cadeia e Rede de transmissão –cultura nacional comum –sincronizada
Anos 50 –Era de Ouro do Rádio
Era de Ouro da Televisão –“Efeito Bebedouro”
1970, 80 e 90 –televisão, grande fator de unificação dos Estados Unidos.

Entre 1990 e 2000 as vendas de álbuns dobraram, a taxa de crescimento mais acelerada da história do setor
Indústria descobre a FÓRMULA SECRETA PARA A PRODUÇÃO DOS HITS:
VENDER HOMENS JOVENS E VARONIS A JOVENS MULHERES

Quem matou os álbuns hit?

Em 2001 –Apple lança o primeiro Ipod, Mp3 player;
O atributo revolucionário do Ipod: capacidade de armazenamento e a possibilidade dos usuários levarem verdadeiras DISCOTECAS PORTÁTEIS, com até 10 mil músicas.

Mudança em varios setores

Receita dos filmes de Hollywood caiu 7% desde 2001;
Leitura dos jornais continua caindo;
Venda de revistas nas bancas de jornais situa-se no nível mais baixo;
Os índices de audiência das redes de TV continuam a cair devido TV a cabo;
FIM DA ERA DO TOP 40.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Academia Verkos – Um novo conceito em Treinamento com Pesos

O treinamento na Academia Verkos é feito com pesos livres, utilizando técnicas de Levantamento de Peso Olímpico, por profissionais Pós-graduados em Educação física. Atende ao público em geral, que objetiva saúde, condicionamento e performance.
Os atletas são caracterizados por apresentarem um grande nível de potência. Os atletas dividem a semana de treino com agachamentos, agachamento frontal, arremesso, arranque. Ultimamente,os atletas russos vêm utilizando até exercícios menos específicos para a modalidade do fisiculturismo do que Levantamento de Peso Olímpico.
A Academia possui uma aparelhagem completa para fortalecer todos os grupos musculares. Utiliza-se mais o peso livre, com barras, que desenvolve e fortalece os músculos, trabalhando a coordenação intra-muscular e o equilíbrio. Todos os profissionais são pós-graduados e com muita experiência em treinamento com pesos.
O treinamento com pesos utiliza o Levantamento de Peso Olímpico, que é o ideal para as mulheres. Além de ser uma ótima atividade para a prevenção de doenças degenerativas do sistema ósseo, como a osteoporose, promove um ganho extraordinário de força. Serve também como exercício físico que substituirá inúmeros procedimentos estéticos, como a lipoaspiração, e outros procedimentos considerados “naturais” que fazem parte da “medicina moderna”.
O Diretor Técnico da Federação do Rio de Janeiro, Romeno Dragos Stanica, trabalha e luta para desenvolver não só esse esporte, mas o esporte brasileiro. Realiza inúmeros projetos na cidade do Rio de Janeiro, ensinando uma modalidade desconhecida dos brasileiros à comunidade carentes. Revela talentos e futuras promessas do esporte, como Aline Roberta Ernesto Campeiro, uma das melhores levantadoras de peso do país e membro da Seleção Olímpica Brasileira Permanente, que tem a possibilidade de conquista de medalha no Pan de 2011. Em 2004, foi a primeira atleta a vencer uma medalha nos Campeonatos Pan-Americanos Adultos Femininos. No Brasil, o levantamento de peso feminino é mais forte do que o masculino, mas ainda esta longe de medalhas olímpicas.

Trabalho de Produção e edição em áudio

O fim do rádio convencional


As rádios dependem, cada vez mais, da tecnologia. As recentes inovações as obrigam a adaptarem-se às novas tecnologias para manterem o seu nível de competitividade. De outro modo sucumbem. As empresas que não se preocupam com a redução de custos, não têm futuro. Dentre os meios de comunicação, a persistência de uma mídia em particular vem chamando a atenção na última década: o rádio. Tendo em vista as inovações e a popularidade alcançada pelas novas tecnologias, cada vez mais a sociedade contemporânea vai se dando conta de que, apesar da “simpatia” que o consumidor tem em relação a este veículo, o rádio analógico encontra-se na iminência de se tornar um aparato obsoleto. Podcasting, Web Radios, Digital Audio Broadcasting (DAB), Digital Satellite Radio, Digital Radio Mondiale (DRM), são muitas as opções que vêm emergindo ao atual modelo analógico. O rádio analógico está vivendo hoje um período similar ao que viveu o disco de vinil no começo dos anos 80, quando a indústria começou a planejar como despejaria nas prateleiras os primeiros compact discs. Ainda não está definido qual será o padrão que o sucederá, mas seu fim já vem sendo acertado.
As novas tecnologias digitais estão disponíveis e seu potencial ainda não foi avaliado em toda sua extensão. Seguindo a atual tendência de convergência de mídias, o rádio será apenas mais uma opção na tela de um telefone celular ou ao alcance de um clique no mouse do computador. Nas últimas décadas, em função de uma presença mais efetiva das novas tecnologias, está ocorrendo transformações profundas nas chamadas indústrias culturais. Em função disso, vem crescendo o número de investigadores que estão preocupados em analisar as continuidades e as rupturas na dinâmica da indústria da comunicação (em seus mais diferentes setores) neste período de transição para a chamada Era Digital. A nova evolução tecnológica, decorrente da digitalização e otimização de processamentos digitais, teve início nos dispositivos de telecomunicações. O impacto destas evoluções nas redes de telecomunicações, e nas empresas prestadoras destes serviços, está em curso inicial, mas já entende-se avassalador. Modelos de negócio, fusões e investimentos ou transformadores estão em elaboração. A tecnologia digital neutraliza fronteiras entre serviços de redes distintas, exigindo ousadia empresarial. O mundo telecomunicações avança sobre serviços até então, distinta radiodifusão. Usuários-ouvintes são seduzíveis, especialmente, pelas aplicações da tecnologia que estão materializadas em dispositivos personificados. Surgiram diversos sistemas de radiodifusão digital que propõem melhoria na qualidade sonora e maior resistência a interferências. Estes sistemas permitem multiprogramação e transmissão de dados em baixas taxas, admitindo-se serviços adicionais aos programas de áudio, exclusivamente, adaptáveis às condições.
O processo de reestruturação empresarial que envolve demissões e enxugamento de estruturas, sobrecarrega os funcionários remanescentes, que estão apenas começando nas emissoras de rádio analógicas. Com a defasagem de sinal, até as formas convencionais de participação – debate ao vivo, por telefone, ficam inviabilizadas. A convergência tecnológica, vai de encontro aos ideais de livre difusão da geração podcaster.
A palavra audiovisual resulta da aglutinação dos termos "áudio" e "visual" e refere-se:
a) "a tudo o que pertence ou é relativo ao uso simultâneo e/ou alternativo do visual e auditivo;
b) a tudo que tem características próprias para a captação e difusão mediante imagens e sons" (Cebrián Herreros, 1995: 53).
A palavra audiovisual pode designar duas realidades:
mera justaposição de dois termos sem estabelecer qualquer relação entre eles. Elementos autônomos que manifestam a sua presença numa grande variedade de meios de comunicação.
Exemplo: a fotografia, o disco, o telefone, o cartaz, o cinema mudo.

b) cria-se relação entre os termos para originar um outro produto. Exemplo: cinema sonoro, televisão, algumas aplicações multimídia.

1- o funcionamento baseado na primazia de um dos subsistemas
2- a integração do visual e auditivo no que Herreros denomina o audiovisual pleno - um sistema no qual não é possível examinar em separado cada um dos componentes se não quisermos destruir o sentido que transmitem.
Algumas formas em que o som pode ser utilizado em um audiovisual:

1 - Identificação imediata de um programa;
2 - Dar relevo a um personagem;
3 - Estimular a recordação de eventos;
4 - Criar "atmosferas";
5 - Proporcionar elipses juntamente com outros meios expressivos
6 - Relacionar-se com a expressão oral;
7- Definir um ambiente;
8 - Criar um contraponto.
As dimensões espaço-temporais
1 - Primeiríssimo plano - Reflete intimidade.

2 - Primeiro plano - Reflete um nível conversacional entre pessoas pouco distanciadas e pouco íntimas.

3 - Plano geral - Reflete um distanciamento maior (ou amplificação menor), variável de acordo com os níveis dos restantes planos.

4 - Plano de fundo - Sons de fraca intensidade, geralmente sobrepostos a outros de nível mais elevado.Cebrián Herreros sintetiza diversas modalidades de montagem sonora:
1 - Montagem narrativa
Exposição seqüencial dos fatos ou ações.
linear, invertida e paralela

2 - Montagem ideológica
Associação que se estabelece pela proximidade sequencial de dois fatos, opiniões ou ideias.

3 - Montagem rítmica - Orienta-se de acordo com os ritmos dos subsistemas que integra.
O cinema nunca foi "totalmente" mudo

Só não tinha fala. Som, sempre teve.

É desconfortável assistir a uma projeção muda, a não que seja pelo interesse histórico.
Acompanhar imagens sem música é incômodo, mas não pelos nossos costumes atuais, na Grécia já existia acompanhamentos

No cinema mudo, um pianista criava os climas nas cenas, improvisando

Nas salas mais afortunadas podíamos até encontrar orquestras inteiras tocando, muitas vezes com partituras originais para o filme.

No séc. XIX, a música tinha duas vertentes:
A absoluta
A programáticaEntre 1915 e 1920 Arnold Schoenberg (1874-1951)acaba com ambas as coisas, criando o dodecafonismo
O que fazer?

O que aconteceu com os compositores que trabalhavam numa linha conservadora, preservando a sinfonia e o poema sinfônico tradicional em suas obras? Foram todos para o cinema.

Ajudados pelo vitaphone, mas que depois foi aperfeiçoado pelo sistema Movietone.
Algumas questões então surgiram:
O que fazer com o som?
Onde ele pode ajudar na narrativa?
Até onde ele é apenas mais um elemento decorativo, como a cenografia?
Assim, começou-se a utilizar o som de duas maneiras:
Como elemento climático e como foco da ação (os musicais).
Charlie Chaplin foi o primeiro que, ainda no cinema mudo, se preocupou com a música certa para a ação corrente, compondo ele mesmo partituras para acompanhar seus filmes.
Sergei Eisenstein
Casablanca
E O Vento Levou
Filmes gangsters e noir
Musicais como Hair, Jesus Christ Superstar
Romeo+Juliet e Across the Universe
Amadeus e ET

A sociedade da decepção.

A sociedade da decepção.
Entrevista com Gilles Lipovetsky
21/05/2007

Na juventude, Gilles Lipovetsky militou num grupo pós-trotskista, mas nunca foi exatamente um comunista. Ele já escreveu sobre o luxo e virou consultor de grifes famosas, mas tampouco é um consumista. Redige seus livros à mão, em folhas de papel, nas mesas de hotéis, enquanto roda o mundo apresentando idéias tão acessíveis quanto polêmicas. Seu mais novo libelo se chama A sociedade da decepção (Ed. Manole).

Ele foi entrevistado por Luciano Suassuna da revista IstoÉ, 23-05-2007.

Eis a entrevista.

O que é a sociedade da decepção?
A decepção é uma experiência humana universal desde sempre. Nas sociedades antigas, ela era restrita. Primeiro porque o desejo era mais limitado, existia uma cultura da resignação, resumida na expressão “é a vida”. E, depois, havia a religião, que limitava a decepção.
E quando ocorreu essa mudança?
A sociedade moderna fez explodir o sentimento da decepção. A democracia abriu o desejo das pessoas. Ela cria frustrações porque não suporta a desigualdade. E a era hipermoderna, que vivemos hoje, acelerou mais ainda a decepção, que agora está em todos os lugares, em todos os níveis sociais.

Primordialmente onde?
Na política, por exemplo. As pessoas, em todos os países, estão sempre decepcionadas com a política. Com a globalização, não há mais a esperança revolucionária. É a era do direito do homem, e este é sempre inferior ao desejo.

Quais outras fontes de decepção?
A escola. Antes ela tinha a virtude de permitir a ascensão social. Mas hoje temos jovens muito qualificados que trabalham em coisas que não correspondem a essa qualificação – e isso gera decepção.

Mas vive-se bem melhor do que no passado.
Vive-se globalmente melhor. As pessoas podem até se declarar felizes, mas isso não significa grande coisa. Há outros indicadores como a ansiedade no trabalho e com os filhos, taxas de suicídio e casos de depressão e dependência, que mostram como a sociedade de bem-estar é uma sociedade de frustrações.

De que maneira essas frustrações estão ligadas ao consumo?
Depois dos anos 60, desenvolveu- se a idéia de que o consumismo cria a decepção porque mostra o que você não vai ter. Ou que você seria forçosamente frustrado porque, quando tem uma coisa, já sonha com outra, como se isso levasse a pessoa a uma decepção permanente.

Por que isso não é verdade?
O consumo de bens materiais não é tão produtor de decepções. Os objetos têm um valor pela novidade. Não é porque você não tem um Jaguar que o seu carro modesto não o satisfaz. Você pode gostar da sua casa, sem que ela seja um castelo.

Então qual o consumo que leva à decepção?
O consumo cultural é o que decepciona. Veja, por exemplo, a televisão. Ela é feita para ser um espetáculo, mas se você fica zapeando é porque o espetáculo não o satisfaz. O zapping é uma permanente decepção.

E no campo das relações humanas?
A decepção mais forte, mais intensa, a mais cruel é a que você tem com outras pessoas. Então se engana quem culpa o consumo pela infelicidade. O que dá frustração é a individualização do mundo, é a relação com os outros e consigo mesmo.

Vivemos então um modelo fracassado?
Evito o pessimismo. A sociedade da decepção não é a da paralisia ou da depressão. As pessoas hoje têm mais iniciativa, existem mais associações, mais artistas. É uma sociedade que relança a vida, que permite um recomeço. Hoje podemos ter múltiplas vidas.

A Sexualidade

O assunto sexualidade se estende por diversos conceitos, e possui um vocabulário mais enriquecido, que às vezes surgem palavras sobre assuntos em conversas entre jovens, adolescentes, homens, mulheres e principalmente grupo de amigos, algumas palavras referente aos assuntos ao qual podem ocorrer de desconhecermos, é normal, pois não somos obrigados a saber tudo sobre sexo, mas pode-se adquirir mais conhecimentos sobre o assunto. A sexualidade tem diversas formas, variadas circunstâncias, jeitos, maneiras que as pessoas buscam para obter ou expressar prazer. Sexualidade, segura e prazerosa, é um dos indicadores de qualidade de vida de uma sociedade e fundamental para a realização e a felicidade de qualquer pessoa. É a busca do prazer humano em suas diversas formas. A idéia do prazer varia de pessoa para pessoa, leva-se em conta a realidade de cada indivíduo. Quando a pessoa está sentindo prazer, ela está vivenciando a sua sexualidade.
A orientação sexual é a atração sexual, afetiva e emocional por outra pessoa. Sendo assim, antigamente, acreditava-se que todo ser humano deveria ser heterossexual e que a homossexualidade e a bissexualidade eram doenças, mas com passar dos anos, estudos comprovaram que sempre existiu homossexualidade desde o início da humanidade. A manifestação do amor encontra-se a sexualidade, mas não pode-se dizer que na sexualidade está o amor. O fato de que se sabe mais sobre a função sexual do homem do que da mulher, há mais pesquisas sobre a função reprodutora da mulher, do que do homem, legitima a desigualdade de gênero no significado do sexo para ambos. Aos homens, o prazer; às mulheres a reprodução. A sexualidade como expressão de amor é ligada ao poder e a posse. A paixão, enquanto amor, não existe. A sexualidade é um fogo que pode purificar os apaixonados e transformar os sentimentos, um dia, em amor. A qualidade da sexualidade se reflete na qualidade de vida das pessoas, que é a grande meta da medicina contemporânea.
A OMS, Organização Mundial da Saúde, coloca a sexualidade saudável como um dos indicadores de qualidade de vida de uma população. Grande parte dos problemas da sexualidade se apresenta fisicamente, funcionalmente, mas provém dos relacionamentos frustrantes, da afetividade malcuidada, da falta de compreensão entre os conjugues e do baixo ou nulo investimento do casal no namoro. O período de festas de fim de ano e a entrada do ano novo são propícias para uma reciclagem, mudar os conceitos e atitudes. Buscar saúde, bem-estar, sexualidade saudável, administrar o tempo da vida profissional e pessoal visando o prazer de viver para a maioria das pessoas. Sexualidade não se traduz apenas na resposta sexual. Porém, é importante o conhecimento das etapas através das quais a função sexual se expressa.

Produção e Edição de Áudio

Microfones

Emile Berliner inventou o microfone em 4 de março de 1877, porém o primeiro microfone usável foi inventado por Alexander Graham Bell. Muitos desenvolvimentos iniciais no desenho do microfone foram alcançados através da Bell Laboratories.

Princípio de operação
Um microfone é um dispositivo que converte vibrações na gama audível (20Hz-20kHz), seja no ar, água ou num material sólido, numa forma de onda elétrica. Na maioria dos microfones em uso as ondas sonoras são convertidas em vibrações mecânicas através de um diafragma fino e flexível e em seguida convertidas em sinal elétrico através de bobina móvel ou por carga e descarga de um condensador. No caso de microfones de condensador estes necessitam de uma tensão de alimentação contínua, chamada de phantom power.

Como funcionam os microfones?
Todos os sons diferentes que ouvimos são causados por diferenças de pressão mínimas no ar que nos rodeia. O que impressiona é o fato de o ar transmitir essas mudanças de pressão tão bem e com tanta precisão ao longo de distâncias relativamente grandes.
Um microfone pega as ondas de pressão variável no ar e converte-as em sinais elétricos variáveis. Há cinco tecnologias diferentes usadas comumente para obter esta conversão:
• Microfones a carvão - o microfone mais antigo e mais simples usava pó de carvão. Esta era a tecnologia usada nos primeiros telefones e ainda em alguns telefones de hoje. O pó de carvão apresenta um fino diafragma metálico ou plástico em um lado. Conforme as ondas sonoras atingem o diafragma, elas comprimem o pó de carvão, que muda sua resistência. Por meio da passagem de uma corrente através do carvão, a mudança da resistência altera a quantidade de corrente que flui.
• Microfones dinâmicos - um microfone dinâmico se aproveita dos efeitos de um eletromagneto. Quando um magneto passa próximo a um fio (ou a uma bobina), o magneto induz o fluxo de uma corrente no fio. Em um microfone dinâmico, o diafragma move um magneto ou uma bobina quando as ondas sonoras atingem o diafragma e o movimento cria uma pequena corrente.


• Microfones de fita - em um microfone de fita, uma fita de pequena espessura é suspensa em um campo magnético. As ondas sonoras movem a fita, o que altera a corrente que flui através dela.




• Microfones a condensador - um microfone a condensador é, essencialmente, um capacitor, em que uma placa se move em resposta às ondas sonoras. O movimento altera a capacitância do capacitor e estas alterações são amplificadas para criar um sinal mensurável. Os microfones a condensador geralmente precisam de uma pequena bateria para fornecer voltagem através do capacitor.
• Microfones a cristal - certos cristais alteram suas propriedades elétricas conforme mudam de formato. Prendendo um diafragma a um cristal, este criará um sinal quando as ondas sonoras atingirem o diafragma.

Directividade
Os microfones podem ser classificados quanto a directividade da seguinte forma:
• Omnidirecionais - Captam o som da fonte não importando a direção em que este chegue a sua cápsula.
• Figura 8 - Captam o som igualmente no eixo da cápsula (0º e 180º), rejeitando o som que chega a 90º e a 270º.
• Cardióides - Captam com maior eficácia os sons emitidos na sua frente, conforme vai se deslocando do eixo central do microfone, sua captação é reduzida. Desta forma, sons vindos de trás não são captados ou são captados com pequena intensidade.
• Super e Hiper-Cardióides - Captam além dos sons emitidos na sua frente, parte dos sons emitidos na parte de trás. Isto é bastante útil para aumentar o ganho do som, sem que haja microfonia.



Principais diagramas direcionais de microfones






Omnidireccional Figura 8 Cardióide Hipercardióide Shotgun




Bibliografia Básica:
ALTEN, Stanley R. Audio in Media. California: Wadsworth, 1990.
ORTRIWANO, Gisela. A Informação no Rádio: os grupos de poder e a determinação dos conteúdos. São Paulo: Summus, 1985.
PRADO, E. Estrutura da Informação Radiofônica. São Paulo, Summus, 1989.
MEDINA, Cremilda. Entrevista – O diálogo possível. São Paulo: Ática, 1995.

Bibliografia Complementar:
BALSEBRE, A. El Lenguaje Radiofónico. Madrid: Catedra, 1994.
MEDITISCH, Eduardo (org). O Rádio na Era da Informação: teoria e técnica do novo radiojornalismo. Florianópolis: Insular, 2001.
KISCHINHEVSKY, Marcelo. O Rádio sem onda: convergência digital e novos desafios na radiodifusão. Rio de Janeiro: E-papers, 2007.

TELEJORNALISMO

Referências: Patarnostro, Vera Irís
Texto na TV.



Ensinar as regras de edição não é o objetivo, e sim destacar a importância da edição no telejornalismo: é com a edição que uma reportagem ganha o formato final para ir ao ar. O texto jornalístico é ligado à edição.
Editar é uma arte, e é preciso usar seus ingredientes básicos: imagem, informação e emoção. O tempo certo de cada reportagem depende da importância jornalística do assunto e da força das imagens. O ritmo e o estilo de cada telejornal são fatores que também influenciam a edição de uma matéria.
Editar é dar sentido ao material bruto, ou seja, é montar a matéria. Para isso é preciso selecionar sons e imagens de uma forma clara, objetiva, de fácil compreensão. É contar a história que foi apurada, com começo, meio e fim. Editar é ser fiel às informações, caso contrário, pode causar danos irreparáveis. Primeiramente, precisamos conhecer bemo material bruto. Em seguida, decupar, percebendo e sentindo as sonoras, as imagens, o off do repórter. A decupagem é o princípio, cada editor escolhe a sua forma pessoal de decupar, mas todos devem anotar o time code e registrar o que é mais significativo. É preciso também fazer um plano de edição, sendo escrito e simples, item a item, destacando as informações que serão dadas na cabeça, o lead da matéria.
A edição de uma matéria é trabalho de dois profissionais. O editor de texto e o editor de imagem, juntos, discutem e planejam a edição da matéria na ilha de edição. A estrutura da matéria em edição vai ter como base o texto off no qual são inseridas as sonoras, a passagem do repórter, o som em BG (background), as artes até finalizar a matéria. Uma edição com ritmo e equilíbrio atrai o telespectador. O off não deve dizer o que o entrevistado vai falar. É preciso não identificar nos créditos o nome do entrevistado, do repórter, da cidade e estado. A passagem do repórter é a presença do autor da matéria, mas o que é bom para uma edição pode não ser para outra. A arte não serve para “tampar buracos de off”, mas para informar, dar valor à notícia. A deixa de uma matéria no script é uma marcação técnica que precisa ser correta, clara e objetiva, detalhando quem “dá” aquela deixa. A edição é totalmente subjetiva, usando-se criatividade e claro o bom senso.
Na edição não-linear, a alta tecnologia muda a concepção de edição no telejornalismo. Exemplificando, na máquina escrevia-se palavras na sequência da outra e quando tinha-se que mudar algo, o corretivo apagava. Já no computador, escreve-se com tanta facilidade que mudo o conceito de “texto pronto”. Na ilha de edição convencional, tem duas máquinas de videotape: a fita com material bruto “roda” na player e trechos selecionados são gravados na recorder. Um sistema de controle remoto comanda a seleção das cenas na player, marcando os pontos de entrada (in) e saída (out), e gravação no recorder. As cenas que são gravadas em sequência é edição linear, e para trocar uma imagem, depois de pronta a edição, é necessário fazer cópia da matéria.
Na edição não-linear, as imagens podem ser mudadas de lugar, sem necessidade de fazer cópia. A decupagem é fundamental, então deve-se pegar o material bruto e transferi-lo para o computador em uma operação chamada de captura ( ou ingest), que transforma as imagens em dados. Para importar arquivos no disco rígido, é necessário selecionar os trechos que são usados na matéria a ser editada. No workspace, estação de trabalho, o monitor exibe as telas player e recorder nos quais as imagens podem ser editadas, depois das marcações basta arrastar com o mouse para a tela recorder, e assim, a matéria será montada. Enquanto isso, a janela da timeline, ou seja, linha do tempo, tem os clips que podem ser substituídos com o mouse, tanto na janela da timeline como no monitor. Assim como tem várias bandas de vídeo, é possível ter também várias bandas de áudio na timeline, fazendo uma mixagem.
Os softwares também permitem criar efeitos para passagem de uma cena para outra, além do corte seco. O mais comum é fusão ou dissolve: uma cena some enquanto outra aparece. Há também o fast motion, para acelerar, o slow motion, em câmera lenta, ou o freeze, para congelar. O uso de efeitos em edição jornalística deve ser criterioso. O excesso chama atenção do telespectador para edição e não para a informação. A matéria editada de forma não-linear precisa passar por um processo de renderização que vai transformar as trilhas de áudio e vídeo montadas na edição em único arquivo de saída. Depois de renderada, a matéria é gravada em uma mídia, com disco óptico ou vai para o ar por um play-out.
Com essa edição não-linear, acaba de vez o trabalho mecânico de montagem, que existia na edição linear. O computador reduz ainda mais a distância da técnica e o jornalismo, e as facilidades da edição garantem um melhor entendimento da informação.
Mas novos recursos não adiantam se não preservarmos o rigor jornalístico.
Uma gostosa viagem ao passado mostrada de forma simples e em linguagem coloquial, assim como necessita ser a linguagem televisiva. Noções básicas e dicas nos colocam em contato direto com uma redação televisiva, mostrando, com toda a sua experiência, aquilo tudo que podemos ou não fazer quando queremos escrever textos para a TV. A autora deixa bem claro que os textos precisam ser curtos e de fácil entendimento. Isso fica muito mais nítido. Percebe-se que pela simplicidade exigida ao se escrever os textos jornalísticos para TV, torna difícil a seu desenvolvimento, pois todo cuidado é pouco para que as palavras não tenham duplo sentido.

Produção e Edição de Áudio

Som: características, definições freqüência, amplitude, timbre e dinâmica
É um movimento ondulatório de partículas que se encontram na água, no ar. O som não se propaga no vácuo pois não há partículas para as ondas se propagarem.

Freqüência, amplitude, timbre e dinâmica que podem ser isoladas abstratamente e representadas graficamente. No entanto , sendo impossível isola-las umas das outras, num som concreto, só podem ser percebidas pelos ouvidos humanos de forma relativa, pois se interferem mutuamente afetando a percepção.

Frequência
A freqüência é a medida que corresponde ao número de ciclos completos de compressão/refração que ocorre com a vibração, durante um intervalo de tempo. As freqüências sonoras são percebidas por nossos ouvidos com tons nas alturas, que variam do grave ao agudo. A capacidade de percepção de freqüência oscila de pessoa para pessoa, mas estipulou-se, como padrão de normalidade, que a audição de um adulto jovem tem limites entre 20 e 20 mil ciclos por segundo.

Hertz
É a unidade que determina o comprimento e a freqüência da onda sonora É o número de ciclos completos produzidos num segundo.

1 hertz corresponde a um ciclo completo por segundo
1 KHz corresponde a 1000 Hz por segundo
Limite humano : de 20 a 20 mil ciclos (oscilações) por segundo
ou de 20 a 20KHz por segundo
De 20 a 200 ciclos por segundo ( 20 Hz a 200 Hz) temos os sons graves
De 5mil a 20mil ciclos por segundo (5KHz a 20 KHz) temos os sons agudos
A audição normal envolve : de 250 a 4000 Hz

Freqüência menor do que 20 Hertz - som inaudível
Freqüência entre 20 e 20 mil Hertz - som audível
Freqüência menor do que 20 mil hertz - ultra som
Velocidade do som :

AR: 340 m/s
ÁGUA: 1500 m/s
AÇO: 5100 m/s

* A Velocidade da luz é 1 milhão de vezes maior do que o som


A amplitude refere-se à intensidade do som determinada pela potência da vibração que lhe dá origem. Como no caso da freqüência, é uma medida abstrata, percebida subjetivamente por nosso ouvidos, como o volume de cada som, que varia do alto ao baixo. Os limites da audição humana, em termos de amplitude, foram estabelecidos convencionalmente entre zero e 130 decibéis, respectivamente designados como limiar da audição, correspondente ao diáfano bater das asas de uma borboleta, e ao limiar da dor, sentida nos tímpanos em situações como com pátio de um aeroporto em atividade.

Timbre não pode ser explicado por uma escala numérica simples nem representado por um gráfico unilinear como da freqüência e da amplitude. Isso porque o timbre já não se refere a características elementares, mas antes reflete uma combinação de múltiplas amplitudes e freqüências.
O timbre é o que distingue um instrumento musical de qualquer outro e uma voz humana entre milhões. É explicado pelo fato de que o corpo vibra propagando ondas sonoras de uma determinada freqüência colocando em movimento uma série de ondas sonoras com freqüências diversas. A combinação de freqüências é o que dá o timbre da voz ou de um instrumento musical.

Dinâmica -
A quarta característica básica da estrutura do som é a sua curva dinâmica ou envelope. O envelope refere-se à maneira como o som começa, permanece e termina, relacionando as variáveis de velocidade e amplitude. Qualquer vibração demora um tempo para alcançar o seu pico de intensidade . Mantém-se por um determinado intervalo e decai durante o outro até desaparecer.

A comparação pode ser feita entre sons produzidos por diferentes instrumentos musicais: uma corda de violão tem um tempo de ataque muito curto, atingindo o pico do volume instantaneamente, enquanto um clarinete o ataque é gradual pode ser facilmente percebido; mantê-lo pelo tempo que o instrumentista continuar soprando; o som do violão sofre lento esmorecimento na medida em que a corda pára de vibrar, enquanto o clarinete, o final é mais brusco quando o instrumentista parar de tocar.
O som concreto jamais ocorre isolado, nem tampouco atua num sistema fechado e autônomo como pode fazer parecer a teoria musical. O fenômeno acústico depende do ambiente onde se produz e o é escutado. Quando a vibração original ocorre em ambiente fechado, como numa sala, os ouvidos percebem simultaneamente o som direto e o refletido nas paredes, no chão, no teto e nos demais obstáculos encontrados pelas ondas de sua propagação. Conforme a distância maior ou menor desses obstáculos em relação fonte sonora, som refletido será percebido como integrante do som original ou como eco.

Diferenças entre eco, ressonância e reverberação
Eco : O som refletido pelo que chega ao ouvido com até cinco centésimos de segundo de atraso em relação ao som direto é percebido pelo cérebro como som direto. Se o intervalo entre um e o outro for maior do que isso, a diferença será notada e o som refletido será percebido como eco.
Reverberação : é também produzida pela reflexão do som, mas se diferencia do eco quanto ao efeito: em vez clara e distinta repetição do som, produz uma série de ecos tão rápidos que se sobrepõem uns aos outros, funcionando como um prolongamento. Enquanto o som direto informa o cérebro sobre a localização da fonte sonora, a reverberação informa aproximadamente o espaço em que se dá a audição.
Ressonância : É uma ampliação natural do som , que resulta da reflexão em condições especiais: quando o som é produzido entre superfícies paralelas, como as paredes de uma sala, toda vez que coincidir com o tamanho da onda sonora ( ou múltipla dele ) com a distância entre as paredes, a sala funciona como um amplificador natural que multiplica a intensidade do som.
Na fala humana , a garganta, o céu da boca, os dentes, as fossa nasais, funcionam como um amplificador natural que multiplica a intensidade do som.
As superfícies curvas, tanto em boas salas de espetáculos quanto em instrumentos musicais, como violino, evitam a ressonância indesejável.



Mascaramento dos sons
É a interferência ocasionada por outros sons simultâneos. Ex o volume do rádio regulado para ser agradável na algazarra do trânsito, se transforma em uma agressão aos tímpanos no recolhimento à garagem. O mascaramento também opera por freqüências : tons agudos mascaram mais facilmente outros tons agudos, enquanto não atrapalham tanto os sons mais graves, e vice-versa. Este é o princípio importante tanto na composição musical quanto num programa de rádio.




Bibliografia Básica:
ALTEN, Stanley R. Audio in Media. California: Wadsworth, 1990.
ORTRIWANO, Gisela. A Informação no Rádio: os grupos de poder e a determinação dos conteúdos. São Paulo: Summus, 1985.
PRADO, E. Estrutura da Informação Radiofônica. São Paulo, Summus, 1989.
MEDINA, Cremilda. Entrevista – O diálogo possível. São Paulo: Ática, 1995.

Bibliografia Complementar:
BALSEBRE, A. El Lenguaje Radiofónico. Madrid: Catedra, 1994.
MEDITISCH, Eduardo (org). O Rádio na Era da Informação: teoria e técnica do novo radiojornalismo. Florianópolis: Insular, 2001.
KISCHINHEVSKY, Marcelo. O Rádio sem onda: convergência digital e novos desafios na radiodifusão. Rio de Janeiro: E-papers, 2007.

TV E VÍDEO: LINGUAGEM E TÉCNICAS

Hoje em dia, essas fotos têm sido bastante exploradas. As mesmas instauram de forma subliminar um texto à parte, evidenciando que as imagens no jornal, ao lado da própria diagramação, constituem um plano discursivo autônomo com relação ao plano verbal. Em destaque na primeira página do primeiro caderno, duas fotos - uma do Presidente da República cantando o hino nacional quando da comemoração do aniversário da república e outra do Ministro da Fazenda, Pedro Malan - enquadradas por uma mesma linha de contorno remetem a duas reportagens: a das comemorações e a das negociações do Ministro com o FMI.



A disposição das fotos - uma ao lado da outra enquadradas num mesmo retângulo e com um único texto remetendo às duas matérias diferentes - já leva o leitor a "ver" as duas autoridades no mesmo espaço físico. O que não é verdade: um assiste ao hasteamento da bandeira e o outro discursa na Câmara. Desnecessários se tornam os comentários que chamariam a atenção à expressão do rosto do Ministro, que parece olhar o Presidente, de boca aberta, cantando o hino.



O gesto da mão lembra um gesto obsceno, de alguém que estaria, numa discussão, agredindo com palavrões. A visibilidade desse gesto permite recuperar esse outro campo semântico, e um outro texto a respeito da ida do Ministro ao FMI. O que de interessante há de se observar com esses mecanismos discursivos é que este segundo texto se institui num plano discursivo implícito.
O segundo texto não está dito, mas sugerido pela visibilidade instaurada no plano não-verbal. Logo, as palavras destacadas acima, desde o título da matéria, ganham sentido não pela sua significância lingüística, empírica, e sim pela visibilidade instaurada pelo traços não-verbais, dando lugar, por sua, vez a um texto oculto, não-dito, mas que também está significando. Todo esse processo revela, ainda, por um lado a relação de complementaridade entre o polifônico (o verbal) e o policrômico (o não-verbal) num trabalho de produção de sentidos.

GLOBO RURAL: documentando a realidade

A projeção do real, de verdades indiscutíveis é, com certeza, uma das marcas da TV que também pode ser apreendida em programas jornalísticos do tipo documentário, cujo alcance discursivo é dada a contextualização dos fatos, calçada por inúmeras imagens que ajudam na sedimentação do texto documental produzir "discursos" de cunho verdadeiro.
Uma das definições técnicas de documentário é aquela que o recorta como espaço destinado à documentação da realidade por oposição aos espaços que jogam com a fantasia e a ficção. Nesse espaço, tem-se a ilusão de se estar lidando direto com a realidade, já que há todo um conjunto de discursos sobre a visibilidade da imagem: "as imagens falam por si". Os discursos não são isentos de conseqüências, e uma de suas crenças mais imediatas reside na ficção da visibilidade, aquela que sustenta a ilusão de que é possível ver tudo. As imagens estão sempre sujeitas às injunções de ordem jurídica e institucional que selecionam tudo aquilo que pode e não pode ser visto. A TV, com recursos de edição e de enquadre das imagens, usados freqüentemente para sustentar esses discursos, empresta-lhes um caráter de verdade. O programa realiza um documentário sobre o "Batizado do Milho", ritual promovido pelos índios Bakairi. Merece destacar, porém, a voz em off que costura todas as imagens mostradas; até mesmo durante os cantos e as danças, o locutor narra a visibilidade das imagens.
Para cada imagem mostrada, ele dá uma explicação, fazendo crer que o sentido é aquele que ele propõe; com isso as imagens acabam por ganhar a visibilidade instituída pelo olhar da emissora. Durante a festa, a lenda é relembrada e comemorada com danças e ritos que evocam antigas entidades míticas. Uma dessas danças, a do bacururu kapa, é mostrada no GLOBO RURAL.
Com o mesmo ritmo e os mesmos movimentos se afastam do centro e acabam percorrendo todo o contorno da praça principal da Aldeia. As imagens são descritas com as narrativas em off do repórter, até que a reportagem termina quando está sendo mostrada a dança. Aos poucos a câmera vai se aproximando e, em close, focaliza a menina por trás fechando o plano nas suas nádegas. A voz em off acompanha a edição das imagens com o seguinte comentário: "A dança tem um claro apelo à fertilidade."


Difícil não assinalar a intenção do repórter que atribui à dança toda uma conotação que não tem, quando transporta para uma cultura estranha tabus, preceitos e valores de uma outra sociedade, de um outro mundo. O seu texto fala de um "claro apelo à fertilidade", o que indica uma relação de dissenso com a imagem que, em close, mostra as nádegas da jovem que dança. Fertilidade? Ou sensualidade? É o controle sobre o que se deve ver; enfim, a instituição da visibilidade e a construção da realidade. Aqui, a voz em off ocupa o intervalo entre o representado e a representação.
A minha conclusão é que o estudo da imagem, como discurso produzido pelo não-verbal, abre perspectivas comumente não abordadas nas análises mais recorrentes. Abre-se a possibilidade de entender os elementos visuais como operadores de discurso, condição primeira para se desvincular o tratamento da imagem através da sua co-relação com o verbal e de se descartarem os métodos que "alinham o verbal pelo não-verbal".
Analisar a imagem como discurso permite ainda entender como funcionam os discursos sobre a imagem; discursos que vêm corroborando o mito da informação (evidência do sentido), aliado a um outro mito - o da visibilidade (a transparência da imagem), os quais são fundados nos e pelos aparelhos mediáticos que produzem a assepsia da comunicação, e do próprio acontecimento discursivo, no caso, à mercê dos esforços que procuram despi-lo ao máximo da sua complexidade.

REFORMA ORTOGRÁFICA

O QUE MUDA DAQUI PRA FRENTE

Todos os textos produzidos a partir de 2009 terão de ser impressos segundo as novas regras linguísticas.
Vestibulares, concursos e avaliações poderão aceitar as duas grafias como corretas até 31 de dezembro de 2012.
Alfabeto K : consoante kafka W: vogal ou semivogal; consoante Whisky, Show, Darwin Y: vogal ou semivogal yen, Paraty
Acentuação
1ª Alteração Perdem o acento gráfico os ditongos representados por ei e oi da sílaba tônica das palavras paroxítonas, uma vez que há oscilação em muitos casos entre a pronúncia aberta e fechada. Assembleia Ideia epopeico apoio (verbo) apoio (substantivo) boia Observação 1 Receberá acento gráfico a palavra que, mesmo incluída neste caso, se enquadrar em regra de acentuação, como ocorre em blêizer, contêiner, gêiser, Méier, etc., porque são paroxítonas terminadas em r. Observação 2 Continuarão acentuados ditongos abertos ei e oi de palavras oxítonas. Assim, heroico, jiboia (perdem o acento gráfico) Já herói, constrói, corrói, fiéis, papéis (continuam acentuadas2ª Alteração Perdem o acento gráfico as formas verbais paroxítonas correspondentes à 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo: creem, deem, descreem, desdeem, leem, preveem, reveem... 3ª Alteração Perde o acento gráfico a vogal tônica fechada do hiato oo em palavras paroxítonas, seguidas ou não de –s, como: enjoo, povoo, voo. Observação Continuarão a ser acentuadas as palavras que, mesmo tendo o hiato oo, se enquadrarem em regra de acentuação gráfica. Exemplo: herôon (Paroxítona terminada em –n)
4ª Alteração Perdem o acento gráfico as palavras homógrafas (mesma grafia) para (verbo e preposição) pela (substantivo, flexão verbal, combinação) pelo (flexão verbal, substantivo, combinação) pera (substantivo e preposição antiga) polo (substantivo e combinação) Perdem também o acento as palavras compostas a partir do verbo parar. Observação 1 Perdem o acento gráfico as palavras homógrafas, EXCETO: pôr (verbo) – por (preposição) pôde (pretérito perfeito) – pode (presente) Observação 2 forma – fôrma Pode ou não ser acentuada. Fôrma: deve ser usada apenas nos casos em que houver ambiguidade. Ex: Veja a forma como essa fôrma ficou! 5ª Alteração - Regra do I e do U Tônicos Diz a regra que levam acento gráfico as vogais tônicas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas quando antecedidas de vogal com a qual não formam ditongo, e desde de que não constituam sílaba com a eventual consoante seguintes, exceto se essa for s. Não serão mais acentuadas as vogais i e u das palavras paroxítonas, quando estas vogais estiverem precedidas de ditongo. Baiuca – feiura – taoismo. Já: Piauí – tuiuiú - gaúcho – feiíssimo (*) (*) palavra proparoxítona6ª Alteração Flexões verbais – Arguir e Redarguir Perdem o acento agudo na vogal u nas formas rizotônicas (sílaba tônica está no radical) Presente do Indicativo: escreve-se: arguo (lê-se argúo) arguis (argúis) argui (argúi) arguímos (i forma hiato) arguís (I forma hiato) arguem (argúemPresente do Subjuntivo: escreve-se: argua (lê-se argúa) arguas (argúas) argua (argúa) arguamos (sílaba tônica “a”) arguais (sílaba tônica “ais”) arguam (argúam)8ª Alteração Verbos: aguar, apanigauar, apaziguar, apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir e afins podem ser conjugados de duas formas. Eu averiguo (lê-se averigúo) Eu averíguo (lê-se averíguo)TREMA O trema não será mais usado em palavras portuguesas ou aportuguesadas: cinquenta, frequentar, tranquilo, etc. O trema será mantido em palavras derivadas de nomes próprios: Müller, hübneriano, etc. TREMA O trema poderá ser usado para indicar, quando necessário, a pronúncia do u em vocabulários ortográficos e dicionários. Observação: O trema não será mais usado, mas as palavras que o possuíam continuarão a ser pronunciadas como antes. Ex: Linguiça, tranquilo.HÍFEN Considerando a dificuldade referente ao uso do hífen, destacam-se, apenas, os tópicos que apresentaram mudanças.1. O hífen será usado quando o prefixo terminar por vogal idêntica à que inicia o segundo elemento: Como era Como ficou antiinflamatório Anti-inflamatório microondas micro-ondas microorganismo micro-organismo microônibus micro-ônibus microorgânico micro-orgânico Prefixo Co- não admite hífen - coordenar, coabitar, coerdeiro 2. O hífen não será usado quando as vogais do prefixo e do segundo elemento forem diferentes: Como era Como ficou Auto-escola Autoescola Auto-ajuda Autoajuda Auto-imagem Autoimagem Contra-indicação Contraindicação Contra-oferta Contraoferta Infra-estrutura Infraestrutura Infra-escrito Infraescrito Prefixos Re, Pre, Pro não são regidos por esta regra.3. O hífen será usado sempre que o segundo elemento iniciar por h: Como era Como ficou geo-histórico geo-histórico mini-hospital mini-hospital anti-higiênico anti-higiênico subumano sub-humano super-homem super-homem 4. O hífen não será usado diante de r e s, dobrando-se as letras: Como era Como ficou Ante-sala Antessala Auto-retrato Autorretrato Ultra-som Ultrassom Contra-regra Contrarregra Anti-semita Antissemita Anti-religioso Antirreligioso Neo-realismo Neorrealismo Hífen permanece com super-, hiper-, inter- 5. Não se usará o hífen em palavras que perderam a noção de composição: Manda-chuva Mandachuva Pára-quedas Paraquedas  Observação: A questão de “noção de composição” abre espaço para discussões.
Bibliografia Básica BECHARA, E. O que muda com o novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Lucena, 2008. Portal da Língua Portuguesa. Disponível em . Portal da Academia Brasileira de Letras. Disponível em . Academia Brasileira de Letras. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. 2 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.

TRABALHO DE MARKETING

1. Objetivos


1.1 Missão:

Assessorar a Velopark para atender com agilidade e ética às necessidades dos clientes.

1.2 Visão:

Atrair o público interessado em velocidade e competição.


1.3 Princípio/valores:

Responsabilidade com a natureza, contribuindo para uma boa qualidade de vida. Satisfação do cliente, profissionalismo.


2.1 Análise Externa:

Fatores Oportunidades Ameaças

Demográficos, Econômicos, Tecnológicos, Consumidores (clientes),Concorrentes. Canais de distribuição, Fornecedores


2.2 Análise Interna:

Fatores Pontos Fortes Pontos Fracos
Demográficos, Econômicos, Tecnológicos, Sociais, Culturais, Canais de distribuição


3. Estratégias

Fracos Fortes
Ameaças 1. Estratégia de Sobrevivência:

Demográficos: A empresa não está preparada para a ameaça das condições climáticas.

Econômicos: Preço baixo dos produtos alimentícios e o custo para prestigiar o evento


2. Estratégia de Manutenção:

Econômicos: localização, distância da metrópole

Concorrentes: Autódromos nos arredores e promotores de eventos de provas automobilísticas da região


Oportunidades 3. Estratégia de Crescimento:

Tecnológicos: Grande oportunidade e laboratório para desenvolvimento do setor Racing do automobilismo

Sociais: Inclusão da classe integrante dos esportes automobilísticos na mídia e o devido reconhecimento

Culturais: A tendência cada vez maior de tecnologia e cultura estrangeira e nacional estarem lado a lado nesse esporte


Canais de distribuição: Sites, revistas, televisão, rádio


4. Estratégia de Desenvolvimento:

Tecnológicos: Desenvolvimento de estruturas novas para público de automobilismo


Consumidores: Público amante do automobilismo
e motociclismo, pilotos e preparadores

Canais de distribuição: Rádio, televisão, revistas

Fornecedores: Combustíveis, alimentos, peças, produtos e artigos para manutenção

Estratégias: oportunidades e ameaças


Pontos Fortes:




Estratégia de Sobrevivência:


Demográficos:

Adequar a empresa para prestar serviço de assessoria independentemente do clima

Econômicos:

Obter patrocínios para a redução dos custos de prestigiar o evento




Estratégia de Crescimento:

Tecnológicos:

Desenvolver a assessoria para oportunidades de trabalho no setor Racing do automobilismo

Sociais:

Incluir a classe integrante do automobilismo na mídia, e dar seu devido reconhecimento


Culturais:

Disponibilizar na assessoria tecnologia, cultura estrangeira e nacional para esse esporte


Canais de distribuição:

Utilizar sites, revistas, televisão e rádio




PONTOS FRACOS:

ESTRATÉGIA DE MANUTENÇÃO:


Econômicos:

Ter uma boa localização, não muito distante da metrópole


Concorrentes:

Ter profissionais muito bem qualificados para assessorar os eventos na região e combater a concorrência


ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO:

Tecnológicos:

Desenvolver novas estruturas para o público do automobilismo

Consumidores:

Atrair o público que gosta do automobilismo e motociclismo, pilotos e preparadores

Canais de distribuição:

Utilizar a rádio, televisão e sites

Fornecedores:

Ter pessoas comprometidas e responsáveis com a empresa para fornecimento de combustíveis, alimentos, peças, produtos e artigos que visam atender as necessidades dos clientes


4.

VANTAGEM/DIFERENCIAL POSICIONAMENTO COMPETITIVO OBJETIVO DE MERCADO
Obter conhecimento de uma cultura estrangeira e criar novas oportunidades de trabalho para profissionais da mídia
Abrir vagas de emprego para novos profissionais da área da mídia, e adquirir conhecimento através de estruturas novas para competições, juntamente com uma cultura estrangeira.
Tomar conhecimento através das novas estruturas de competição que surgem bem como das assessorias que são utilizadas nesse esporte.



Os produtos da assessoria:

Clipping, Redação e Desenvolvimento de sites.


Os benefícios de cada produto:

Clipping: Pegar as informações mais importantes, as que vão despertar mais atenção, interesse e satisfação dos clientes.

Redação: Redigir informações detalhadas e as mais importantes de acordo com o interesse dos clientes.

Desenvolvimento de sites: Boa qualidade e facilidade no acesso às informações importantes, para satisfazer as necessidades dos clientes.


Estratégia de preços dos produtos:

Clipping, Redação e Desenvolvimento de sites: Atingir diferentes classes sociais e obter a maior fatia do mercado.


Objetivos dos preços: Preços promocionais, visando combater ao máximo a concorrência.


Estratégia de comunicação dos produtos da empresa: Sites, revistas

Carta da Terra

Carta da Terra
“É um dos textos mais completos que se tem escrito ultimamente, digno de inaugurar o novo milênio. Recolhe o que de melhor o discurso ecológico produziu, os resultados mais seguros das ciências da vida e do universo,com forte densidade ética e espiritual.” Leonardo Boff
O QUE É
“Este documento nasceu como resposta às ameaças que pesam sobre o planeta como um todo e como forma de se pensar articuladamente os muitos problemas ecológico-sociais, tendo como referência
central a Terra.”
ORIGEM
“Em 1992, por ocasião da Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro, fora proposto tal documento, que, por razões que não cabe aqui referir, não foi aceito. Em seu lugar adotou-se a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Desta forma a Agenda 21, o documento mais importante da Eco’ 92, ficou privado de uma fundamentação e de uma visão integradora. Insatisfeitos, os organizadores, especialmente Maurice Strong, da ONU, e Mikhail Gorbachev, diretor da Cruz Verde Internacional, suscitaram a idéia de se criar um movimento mundial para formular uma Carta da Terra que nascesse de baixo para cima. Deveria recolher o que a humanidade deseja e quer para sua casa comum, a Terra. Depois de reuniões prévias e muitas discussões, criou-se em 1997 a Comissão da Carta da Terra,
composta por 23 personalidades dos vários continentes, para acompanhar uma consulta mundial e redigir o texto da Carta da Terra. Efetivamente, por dois anos, ocorreram reuniões que envolveram 46 países e mais de 100 mil pessoas, desde favelas, comunidades indígenas, universidades e centros de pesquisa, até que, em início de março de 2000, no espaço da Unesco, em Paris, o texto final da Carta da Terra foi aprovado.”
CONTEÚDO
“É um dos textos mais completos que se tem escrito ultimamente, digno de inaugurar o novo milênio. Recolhe o que de melhor o discurso ecológico produziu, os resultados mais seguros das ciências da vida e do universo, com forte densidade ética e espiritual. Tudo é estruturado em quatro princípios fundamentais, detalhados em 16 proposições de apoio. Estes são os quatro princípios: (1) respeitar e cuidar da comunidade de vida; (2) integridade ecológica; (3) justiça social e econômica; (4) democracia, não-violência e paz.”
Quem é Leonardo Boff?
Leonardo Boff é membro da Comissão da Carta da Terra para América Latina e Caribe, representante do Brasil. Ele é ex-frade franciscano, estudioso da ecologia social, autor de mais de 60 livros e considerado um dos criadores da Teologia da Libertação – que nos anos 70 propôs uma fusão entre marxismo e cristianismo
É um teólogo, membro da Comissão da Carta da Terra para América Latina e Caribe, a sociedade mundial encontra-se numa verdadeira encruzilhada em decorrência de um modelo de desenvolvimento predador e suicida, e deve decidir agora sobre seu futuro. Leonardo Boff recebeu em 2001 o Prêmio Right Livelihood (Correto Modo de Vida), que alguns consideram uma espécie de Nobel alternativo.


O que é a Carta da Terra?
A Carta da Terra é uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Busca inspirar todos os povos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada voltado para o bem-estar de toda a família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. É uma visão de esperança e um chamado à ação.
A Carta da Terra se preocupa com a transição para maneiras sustentáveis de vida e desenvolvimento humano sustentável. Integridade ecológica é um tema maior. Entretanto, a Carta da Terra reconhece que os objetivos de proteção ecológica, erradicação da pobreza, desenvolvimento econômico eqüitativo, respeito aos direitos humanos, democracia e paz são interdependentes e indivisíveis. Consequentemente oferece um novo marco, inclusivo e integralmente ético para guiar a transição para um futuro sustentável.
A Carta da Terra é resultado de uma década de diálogo intercultural, em torno de objetivos comuns e valores compartilhados. O projeto da Carta da Terra começou como uma iniciativa das Nações Unidas, mas se desenvolveu e finalizou como uma iniciativa global da sociedade civil. Em 2000 a Comissão da Carta da Terra, uma entidade internacional independente, concluiu e divulgou o documento como a carta dos povos.
A redação da Carta da Terra envolveu o mais inclusivo e participativo processo associado à criação de uma declaração internacional. Esse processo é a fonte básica de sua legitimidade como um marco de guia ético. A legitimidade do documento foi fortalecida pela adesão de mais de 4.500 organizações, incluindo vários organismos governamentais e organizações internacionais.
À luz desta legitimidade, um crescente número de juristas internacionais reconhece que a Carta da Terra está adquirindo um status de lei branca (“soft law”). Leis brancas, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos são consideradas como moralmente, mas não juridicamente obrigatórias para os Governos de Estado, que aceitam subscrevê-las e adotá-las, e muitas vezes servem de base para o desenvolvimento de uma lei stritu senso (hard law).
Neste momento em que é urgentemente necessário mudar a maneira como pensamos e vivemos, a Carta da Terra nos desafia a examinar nossos valores e a escolher um melhor caminho. Alianças internacionais são cada vez mais necessárias, a Carta da Terra nos encoraja a buscar aspectos em comum em meio à nossa diversidade e adotar uma nova ética global, partilhada por um número crescente de pessoas por todo o mundo. Num momento onde educação para o desenvolvimento sustentável tornou-se essencial, a Carta da Terra oferece um instrumento educacional muito valioso.


O texto da Carta da Terra
PREÂMBULO
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.
TERRA, NOSSO LAR
A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.
A SITUAÇÃO GLOBAL
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.
DESAFIOS FUTUROS
A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.
RESPONSABILIDADE UNIVERSAL
Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.
Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.
PRINCÍPIOS
I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA
1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
a. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.
b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.
a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.
b. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a
maior responsabilidade de promover o bem comum.
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.
a. Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial.
b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.
4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras gerações.
a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.
b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.
II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida.
a. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.
b. stabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.
c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados.
d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que
causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução desses
organismos prejudiciais.
e. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas.
f. Administrar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano ambiental grave.
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.
a. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irreversíveis, mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou não-conclusivo.
b. Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas sejam responsabilizadas pelo dano ambiental.
c. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as conseqüências cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.
d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.
e. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.
a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.
b. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.
c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias
ambientais seguras.
d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais.
e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.
f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.
a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.
b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.
c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao domínio público.
III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e internacionais demandados.
b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.
c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.
10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.
a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.
b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.
c. Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.
d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais
atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas
conseqüências de suas atividades.
11. Afirmar a igualdade e a eqüidade dos gêneros como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.
a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.
b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.
c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os membros da
família.
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.
a. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.
b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida sustentáveis.
c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu
papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.
d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.
IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ
13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.
a. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.
b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações interessados na tomada de decisões.
c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de associação e de oposição.
d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais administrativos e independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.
e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.
14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
a. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.
b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade.
c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.
d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de vida sustentável.
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimento.
b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.
c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.
16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.
a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.
b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.
c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura defensiva não-provocativa e converter os recursos militares para propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.
d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em
massa.
e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção ambiental e a paz.
f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.
O CAMINHO ADIANTE
Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.
Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria.
A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.
Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento.
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.

ओ “GORPE”

E como dizem, toda família tem uma ovelha negra, um bêbado e vários loucos... Algumas têm até demais.





O
“GORPE”








BASEADO EM FATOS REAIS















BETHO RAGUSA


2008

O “GORPE”


Cenário:


No centro da sala há uma estranha fruteira onde há apenas um limão e uma cebola, há também sacolinhas, e saco de papel pra fazer fumo. Um sofá precário e uma mesa de bar com três cadeiras ambientalizam a casa, pois se trata de apenas dois cômodos.


Personagens:

Val: 37 anos, eletricista e radialista atualmente desempregado, alcoólatra, e vive de bicos, mas com eles mal consegue pagar a pensão alimentícia de sua filha. Bem humorado e cheio de artimanhas. Usa camisa xadrez, calça jeans, canivete pendurado no cinto preto, uma caneta, uma chave de fenda (teste elétrico) uma saquinho de fumo e palha, sapatão, cabelos encaracolados, barba mal feita.

Marina: 44 anos, tia de Betho, experiente e ótima companhia, é apaixonada por Val, mas ele a nega e nunca decide se estão namorando ou ficando. Consegue fazer de qualquer assunto sério, uma verdadeira piada. Faz observações absurdas de tudo, sempre tirando vantagem. Adora dar pequenos golpes em quem cair em sua rede. Calça de malha azul, blusa preta, usa óculos de sol como prendedor de cabelos o tempo todo, sempre carrega uma bolsa cheia de parafernálias, e também uma bolsinha pequena amarela, onde guarda seu dinheiro, jóias e o esconde entre os seios.

Betho: 18 anos, sonhador, comunicativo, trabalha como Office boy, e ganha apenas um salário mínimo, divide a casa com sua tia e o Val, que o extressa por não ter emprego fixo. Orgulhoso e detalhista naquilo que lhe interessa, reclama da bebedeira do Val, e do vício de fumar de Marina, porém adora estar com eles, e cai na onda fazendo as mesmas peripécias que eles. Usa óculos, calça jeans, camiseta e tênis, e sua mochila onde também carrega de tudo.

Pequenas participações: Dona Conceição (dona da casa, onde moram os três), Ladrão(aparece vestindo paletó), O garoto seqüestrado, Os três supostos compradores da casa, sendo um homem e duas mulheres.











Cena 1

Betho(remexendo contas): Vão cortar a luz...

Val (servindo uma dose pra beber): O que eu tenho com isso?

Marina: Ele trabalha na Elektro.

Val: Eu sou eletricista, e não trabalho na Elektro!

Marina: Aliás, você deveria estar trabalhando pra ajudar a pagar as contas.

Betho: Verdade Val, me desculpe se eu estiver falando demais, mas você sabe que sou sincero...Mas o que eu e ela ganhamos, mal dá pra comer, tem dois meses de aluguel atrasado e logo a D. Conceição vai dar despejo ou descarga, fora a comida... Você nunca deu nem um pacote de macarrão aqui em casa!

Val (resolvendo tudo): Manda a velha pastar... E quanto a comida a gente sai por aí e faz um charque, quanto ao pacote de macarrão, os últimos trocados eu comprei essa garrafa de pinga e já está no fim.

Betho (triste): Que vergonha Val, eu não tenho coragem de pedir nada pra ninguém, por enquanto.

Val: Se o motivo for vergonha, é só ir pra outra cidade...

Betho: Se não temos dinheiro pra comer, que dirá pra pagar passagem...

Marina: Nós pedimos na prefeitura, na agente social.

Val: Ou começamos a vender as coisas.

Marina: Vender o que? Não tem nem o que comer, não tem geladeira, nem mesa decente, essa aqui foi emprestada do bar da esquina, estamos sem TV... o que nos resta vender? (os dois olham para o Betho).

Betho: O ferro não, uso ele pra passar roupa! (Marina fica aterrorizada)

Val: Ainda bem...

Marina: Uma perguntinha: Onde você guarda o pinico e o bule?

Betho: Eu não uso pinico tia...

Marina: É um supositório...

Betho: Bom, se eu tivesse pinico, guardaria ele debaixo da cama e o bule debaixo da pia.

Marina: Então sua casa é organizada. (olha para a fruteira, Val a acompanha) Tirando a fruteira, isso é “uó do borogodó”.

Betho: Grossa!, deixe ela aí, ela gosta de ficar em meio a sala, ela se sente importante...

Val: Já eu se tivesse um pinico, colocaria ele na cabeça como capacete, porque qualquer hora essa casa vai desabar. E eu juro por essa luz que está iluminando (apaga) (...) Estava iluminando até agora... (batem na porta, o homem da luz com a autorização de corte, Betho vai atender).

Marina: Quem será, deve ser alguma cobrança. Dinheiro é que nunca trazem na porta da casa da gente....

Betho (retornando): Tia...o que a senhora fez com o dinheiro que eu dei pra pagar a luz mais atrasada?

Marina: Eu paguei a água mais atrasada, senão vamos ficar sem água e com o troco eu comprei velas pra garantir, pelo menos não ficamos no escuro!. Agora só falta acabar o gás.

Val: Qualquer coisa a gente pede emprestado do vizinho. Aliás, vou lá agora mesmo (pega o alicate, a fita isolante e sai).

Marina (sondando): Ele vai pedir obrigatoriamente, está levando o alicate pra entortar a boca do vizinho e a fita pra tampar a boca dele caso ele grite, ou será que ele vai vender o alicate pra comprar o gás?

Betho: Ah tia, deixe ele pra lá, estamos sem comida. Qual o cardápio de hoje?

Marina: Olha, a mãe do Val convidou a gente pra comer lá qualquer dia, nós vamos hoje. Aí aproveitamos e embolsamos algo pra janta. Olha o “gorpe” aí... (a luz acende).

Betho: Nossa!

Marina: Um milagre!

Val (entrando): Eis aqui o milagre...

Betho: Você é um castigo. Mas o que aprontou dessa vez?

Val: Fiz um gato na força do vizinho.

Betho: E o gás?

Val (entregando uma garrafa vazia fechada): Está aqui dentro, ele emprestou o suficiente para fazermos uma sopa leve.

Betho: Tia, cadê aquele óleo pra passar em queimaduras...

Marina: Vai besuntar o que? A língua?

Betho: Não a garrafa.. e vou introduzi-la no (...) do Val, e acender um fósforo pra ver se ele explode! (se livra da garrafa).

Val: E então, o que vamos comer?

Betho: Eu sei o que vou comer.. (prepara seu lado da mesa e pega uma lata de sardinha).

Marina: Eu não acredito que você não vai dividir a sardinha com a gente! Grosso!

Betho: Quem mandou vocês gastarem em cigarros e bebidas... (para Val) e você, e os bicos que você diz que faz, cadê o dinheiro?

Val: Ochiii, paguei a pensão da minha filha, e o seu Zé da padaria da esquina.

Marina: Mas o que você gastou lá na padaria que aqui não veio nada...nem um lanchinho pra disfarçar...

Val: Como não? Você é que não lembra...

Marina: Eu tô com “amenésia”. O lanche tava tão bom que eu entrei em delírio.

Val: E aquele saco de pão que eu trouxe?

Marina: Aquele pão amanhecido, ele teve coragem de cobrar por aquilo? (enquanto eles discutem um ladrão invade a casa).

Val: Vá de retro... É um ladrão de verdade?

Betho: Mas há essa hora? Antes só assaltavam de madrugada...

Marina: Horário de verão, hora extra.

Ladrão: Calem a boca, eu não tenho tempo a perder com conversa fiada. (aponta a arma para o Betho).

Betho: Porque eu? Eu vou ser o primeiro da chacina? Tenho direito a um último desejo...

Ladrão: O que?

Betho: Deixe eu comer minha sardinha, hummm só está faltando uma champagne, mas pode ser aquele suquinho de quinze centavos, eu posso ir ali no bar comprar (tira os quinze da carteira) ou o senhor pode ir buscar pra mim?

Ladrão: Passa a mochila! (começa a tirar coisas em abundancia: coelho, cartola, pomba, cobra, cueca, calcinha, sutiã, peruca, vestido, lata de ervilha, lata de milho).

Marina (com a mão na lata de milho): Escondendo o ouro...

Ladrão: Onde, cadê o ouro...

Marina: Aqui, (mostra as latas de alimentos) que grosseria sem fim...

Ladrão: Nada disso me serve, nem tem valor...

Val: A lata de ervilha e de milho pra gente tem um valor inestimável...Sr. Ladrão.

Betho: Eu faço teatro, pra mim isso tudo serve...

Ladrão: Hoje é dia cinco, passa o seu salário aí... Meu camarada!

Betho: Eu recebo dia dez.

Ladrão: E o décimo terceiro? Saiu a primeira parcela já... ,mê dê a primeira parcela aí!

Betho: Eu recebo tudo no dia vinte. (o ladrão fica desanimado, vira para o lado do Val).

Ladrão: E você? (revistando, não encontra nada)

Val: Oh, não aperta aí. Sr. ladrão, por favor, me arrume um cigarro?

Ladrão (dá a arma pra ele segurar, pega um cigarro, lhe entrega e o Val devolve a arma).

Val: Aí, a ferramenta de trabalho do senhor...

Marina: O Sr.arruma um pra mim também?

Ladrão (lhe dá o maço, antes entrega a arma ao Val para ele segurar novamente e ele a admira sorrindo).

Marina (rouba quase todo o cigarro do ladrão e devolve o maço com apenas um cigarro).

Val: Aí senhor... sua ferramenta de trabalho.

Ladrão (nervoso): Pára de chamar a minha arma de ferramenta. Você também não tem nada que merda! (vai até a Marina).

Ladrão: Agora a senhora.

Marina: Ah, um homem me revistar, nada disso, cadê a ladra feminina, eu tenho direitos...

Ladrão: Então vá tirando a roupa, anda! Anda! (ela obedece, mas consegue dar um jeito de não mostrar o cigarro e sua bolsinha onde guarda o dinheiro).

Betho: Que vexame, credo tia, a senhora sem roupa é um dragão, tudo flácido, tudo mole...

Marina: Paga um spa, ah que miséria...

Ladrão: Miseráveis, sem grana. Mas vou dar um jeito nisso vou levar os dois embora!

Betho: Não! Leva ele!

Ladrão: Chega de babaquice, eu mando aqui, bando de malucos! Eu resolvo o que fazer...

Val: Concordo com você. Tem que levar esses dois.

Betho: Grosso!

Marina: Leva ele, tira ele do nosso caminho...

Val: Como? Se não fosse eu, vocês estariam no escuro!

Ladrão: Cala a boca! Quer saber... Passa a sardinha!

Todos (protegendo a lata): O que? A sardinha não!

Ladrão: Eu preciso levar algo valioso, manter a dignidade de um ladrão.

Val: Concordo! Seus “malagradecidos”, eu faço de tudo pra vocês.

Marina: Dignidade? Tirar da boca de quem tem fome, isso é uma covardia...

Ladrão: Cala a boca!

Marina: O senhor não tem outra fala. Seu texto está muito repetitivo, está parecendo figurante de novela que só aparece por alguns segundos...Cala a boca, cala a boca!

Ladrão: Cala a boca! (sai correndo, levando a sardinha).

Betho: Droga, ficamos sem almoço...

Marina: Pelo menos roubei o cigarro dele. Bom, ainda podemos comer na mãe do Val... o que acham?
Betho: Boa idéia, só nos resta isso.

Val: Mas será que adianta ir lá? (levantam)

Betho: Não custa tentar... (se levantam, Dona Conceição grita a Marina lá fora, Betho e ela correm e se escondem e Val vai atendê-la).

D. Conceição: Cadê os dois meses de aluguel... Cadê a Marina?

Val: Não sei, não está comigo. Eu podia jurar pra senhora, eles estavam aqui.

Marina: Olha D. Conceição, o dinheiro estava aqui. Mas se a senhora sair por ai e ver um homem com uma lata de sardinha, ele é que está com seu dinheiro, vai atrás. Eu fui roubada...

D. Conceição: Como assim?

Marina: O ladrão levou tudo. Eu estou indo na delegacia fazer um O. B.

Betho: Tia, é B.O.

Marina: Ah, enfia o B. O. no (...)

Betho: Não, aí sim é o O.B... (vão saindo)

D. Conceição: Voltem aqui, vocês vão ver, eu vou despejar vocês, vou por a casa a venda... Bando de inúteis.



Cena 2


(Chegam todos da rua).

Betho: Sobrou somente o abridor pra contar história. (entra o ladrão novamente).

Ladrão: Me emprestem o abridor, não tenho nenhum.

Marina: Agora não tem mais história pra contar.

Val: Aceita um gole de cachaça?

Ladrão: Eu nunca bebo, quando estou trabalhando...

Val: Eu nunca trabalho, quando estou bebendo...

Ladrão: Boa, boa! Mas que bobagem, eu aceito sim.

(começa a bebedeira, papo vai, papo vem).

Marina ( a parte): Olha o “gorpe”...(o ladrão tira o paletó e coloca em cima do sofá).

(Betho tenta pegar a sardinha de volta de dentro do paletó, mas é em vão, então Marina o veste disfarçadamente para isso, aos poucos eles vão ficando bêbados, Marina pode tentar consertar dançando “La isla bonita” para atrair a atenção deles enquanto Betho pega o paletó e num deslize cai em meio a sala.).

Marina: Acode... a minha árvore de natal caiu... Lá se vai tudo por água abaixo..

Betho (sem rumo): Ho Ho Ho O natal chegou...

Marina: Cala a boca!, quer estragar o plano...(os dois acabam dormindo, e Betho se desfaz do disfarce).

Betho: Agora eu sei como um árvore de natal se sente, principalmente quando tem uma estrela enfiada no..., ai.. doeu...Trouxe a corda e a fita?

Marina: Claro.

Betho: Mãos a obra! (amarram os dois). Tia, tem algo estranho nesse gorpe. (olham).

Marina: Vamos sair daqui (tira tudo do paletó do ladrão).

Betho: Tia amarramos nosso aliado!

Marina: Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. (vai saindo, Betho a interrompe).

Betho: Não, volta aqui. A D. Conceição pode chegar, e se ver os dois aqui vai achar que demos o “gorpe” até no Val.

Marina: Lá se vai o sonho de gastar o dinheiro sozinha. (desamarra o Val, mas como ele dorme, colocam ele no sofá).

Betho: Agora temos que dar um fim no ladrão... (pensam) Tia, está pensando o mesmo que eu?

Marina: Temos que pensar direito. Onde foi que pusemos a corda? (encontram-na e Marina busca uma cadeira com rodinhas, eles amarram a corda nela e colocam o ladrão, Betho sai pra fora e amarra a outra ponta na traseira do caminhão, e volta. O caminhão parte e logo após freia)

(D. Conceição grita pela Marina, ambos correm e se escondem).

Marina: Estamos escondendo de quem?

Betho: Da polícia!

Marina: Não fiz nada, infelizmente o caminhão freou e não sabemos o que aconteceu. Da porta pra fora não me responsabilizo mais, ele saiu vivo daqui. (D. Conceição entra nervosa).

Marina: Aqui está (entrega) metade do que devemos, é o que temos pra dar.

D. Conceição: Pelo menos alguma coisa, olha ali, dinheiro pra pagar aluguel é difícil, mas para se entupir de pinga... até cair.

Marina: Pelo menos eu paguei metade da dívida, e pra se entupir de pinga não precisa de dinheiro, agora pode devolver se quiser, eu faço despesa, meu armário está vazio.

D. Conceição: Quanta petulância...e tem mais, a casa será vendida, e em breve os supostos compradores irão visitar a casa.

Marina: Há há há, quem vai se interessar em comprar uma casa que o banheiro fica três casas depois, chove lá fora a gente tem que por uma barca aqui dentro, fora os bichos de estimação, ratos, camundongos e gafanhotos...

D. Conceição: Até agora tem servido bem, não é? Já basta.

Marina: Se depender de mim, não será vendida, eu não sairei daqui!

D. Conceição: Veremos!

Marina: Vamos até a casa da Terezinha ver se ela tem algo pra gente comer (saem).


Cena 3



(Val acorda e percebe estar sozinho).

Val: Onde está meu amigo ladrão? E cadê os dois gorpistas! Foram roubar junto com ele, e se aquela megera vier cobrar o aluguel. Preciso de dinheiro rápido (sai correndo e volta com um moleque amarrado e o coloca sentado).

Marina e Betho (voltando, se assustam com a cena): Val o que é isso?

Val: Uma criança, não estão vendo?

Betho: Grosso! E o que ele está fazendo aqui?

Val: Eu seqüestrei ele, e vou pedir resgate.

Betho (para Marina): A senhora já está preparada pra conhecer a penitenciária de Águas da Prata?

Marina: Água eu já tenho, eu paguei a conta lembra? Prata eu encontro em loja. Eu não seqüestrei ninguém.

Val: Chiu... Vou ligar pra pedir resgate...

Betho: Fecha a porta tia.

Val: Boa tarde senhora, estou ligando pra dizer que seqüestrei seu filho. Como assim? A senhora já ouviu falar em seqüestro por telefone? (para os dois) acho que ela não está entendendo...

Betho: Espere aí (vai para o quarto e volta com uma chapa de raio x) Fale novamente...

Val: Senhora, obrigado por aguardar na linha, como eu dizia seu filho sofreu um seqüestro relâmpago (Betho chacoalha) Entendeu? Estou ligando pra negociar, ahn? Quanto que a gente quer de resgate?

Val (acena questionando)

Marina e Betho(mostram cinco dedos).

Val: Cinqüenta centavos! (o menino não acredita, Betho e Marina se retorcem). É cinqüenta centavos minha senhora, não ouviu... A senhora é surda?

Betho: Pede um minuto pra ela...

Marina: Cinqüenta centavos, você está pedindo pra comprar doce para o moleque?

Betho: Estamos devendo duzentos reais de aluguel, o que vamos fazer com cinqüenta centavos?

Val: Aumento para dois e cinqüenta , minha senhora.

Betho (furioso): O que você vai fazer com dois e cinqüenta Val?

Val: Um minuto minha senhora (para Betho) vou comprar uma garrafa de cachaça e umas balinhas para o garoto!

Marina: Ah não, há essas alturas do campeonato, você com brincadeirinha, dois e cinqüenta num seqüestro relâmpago (Betho chacoalha).

Val: Daqui a pouco eu ligo novamente senhora, mas permanece nos dois e cinqüenta. (desliga) vocês ficaram sabendo, aqui na rua de trás uma cadeira com rodinhas se chocou contra a traseira de um caminhão.

Marina: Doeu...

Val: Se doeu? Estava todo mundo entretido no acidente, corpo de bombeiros, policia, funerária, carrocinha, pipoqueiro, até um carrinho de cachorro quente tinha, aí que peguei o menino, foi relâmpago.

Betho: Agora doeu...

(Palmas da rua, os supostos compradores chegam).

Betho: Sujou! Devem ser os compradores que a D. Conceição comentou... Temos que pensar em algo rápido (palmas) Tia, a senhora recebe eles normalmente, é só a senhora prestar atenção na cena que tudo correrá bem, não podemos deixar eles gostarem da casa.

(Val joga sonrisal na boca e Betho traz um lençol branco e joga em cima do garoto, e eles começam a fingir que são loucos).

Marina: Podem chegar, oh, esse é meu sobrinho. Triste destino o levou a cometer alguns atos contra si mesmo, o último foi arrancar os testículos com uma tesoura, ele também sofre de alucinações e quando se agarra na perna de alguém é difícil de largar. (vira para o Val) E esse é meu paciente preferido, ele ficou louco depois de ser obrigado a dirigir uma van cheia de lobisomens que tinham que percorrer sete cidades, vocês sabem como é ne? Lua cheia... E também essa casa é mal – assombrada, a noite, vozes e gritos são ouvidos por toda parte.

Comprador : E o que é isso debaixo do lençol...

Marina: Isso? Isso é... ah, um amigo ele é psicótico, sofre de mal de agudos, não pode ficar muito exposto na luz, (destampa, o garoto grita, tampa o garoto pára de gritar, Marina usa isso como forma de chamar a atenção dos compradores).

Compradora: E você cuida dos dois? Mas a dona da casa disse que vocês eram todos um bando de desocupados (Marina avista a garrafa de pinga e corre pra esconde-la).

Marina: As pessoas se enganam...

Val: Oh... Eu preciso me concentrar no que estou fazendo. Vou dirigir uma van essa noite...

Betho: Estou a procura de outro testículo... (vai atrás do comprador)

Comprador: Cruzes! Eu particularmente acho que essa casa é pequena querida, vamos encontrar outra.

Betho: Eu preciso de um testículo novo.

Val: Senhores passageiros esta noite, a passagem terá desconto até a uma da madrugada...

Compradores: Verdade, vamos dar o fora daqui (saem correndo).

Todos (comemoram).

Betho (soltando o garoto): Vai filho, volte pra sua casa.

Garoto: Eu quero ajudar vocês num “gorpe”. Vocês deixam...

Betho: Cresce primeiro belezão...vai vai... some, antes que sua mãe traga os dois e cinqüenta e eu enfie no nariz do Val...

Marina: Só nos resta pensar em outro gorpe.

Betho: Aquele da vidente... Como funciona mesmo?

Marina (conforme conta, joga os apetrechos na frente dos dois): É só cobrar sete velas de cada cor, sete pacotes de cigarros e sete garrafas de pinga, aí dizemos que a vida da pessoa está tudo errado e que enquanto não fizer esse descarrego nada dará certo. Cobra-se um absurdo e a pessoa paga, porque o psicológico está abalado sabe... Uma mulher fez isso e ficou rica, rancou dinheiro do povo e sumia na poeira, era tudo mentira...

Betho: E o que ela fazia com a vela, as garrafas de pinga?

Marina: Aceita uma sugestão, vira aí que eu te mostro...

Betho: Grossa!

Marina: Grosso!

(sentam no sofá)

Betho: Porque estou sentindo um vazio tão grande?

Marina: Porque você não está cheio.

Val: Gente o que temos para comer?

(Betho se lembra da sardinha em cima da mesa, começa a assoviar e levanta, Marina também finge que vai arrumar algo, e Val finge estar de olho na fruteira).

(e finalmente correm até a sardinha que brilha feito um tesouro em cima da mesa)

Todos: Peguei! Continua (...)



GORPE II