De acordo com Luciana Mielniczuk, a Internet passa a ser empregada, de forma expressiva, para atender finalidades jornalísticas, a partir de sua utilização comercial, que se dá com o desenvolvimento da Web no início dos anos 90.
As características do jornalismo desenvolvido para a Web, Bardoel e Deuze (2000), apontam quatro elementos: interatividade, customização de conteúdo, hipertextualidade e multimidialidade. Palacios (1999), com a mesma preocupação, estabelece cinco características: multimidialidade/convergência, interatividade, hipertextualidade, personalização e memória. Refletem as potencialidades oferecidas pela Internet ao jornalismo desenvolvido para a Web.
A Interatividade, para Bardoel e Deuze (2000), é que a notícia online possui a capacidade de fazer com que o leitor ou usuário sinta-se parte do processo. Isto pode acontecer de diversas maneiras, entre elas, pela troca de e-mails entre leitores e jornalistas; através da disponibilização da opinião dos leitores, como é feito em sites que abrigam fóruns de discussões; através de chats com jornalistas.
O termo multi-interativo designa o conjunto de processos que envolvem a situação do leitor de um jornal na Web.
A Customização do conteúdo e a Personalização, também denominada de personalização ou individualização, consiste na existência de produtos jornalísticos configurados de acordo com os interesses individuais do usuário.
A Hipertextualidade, apontada como específica da natureza do jornalismo online, traz a possibilidade de interconectar textos através de links. Bardoel e Deuze (2000) chamam a atenção para a possibilidade de, a partir do texto noticioso, apontar para outros textos como originais de relises, outros sites relacionados ao assunto, material de arquivo dos jornais, textos que possam levantar os ‘prós’ e os ‘contras’ do assunto em questão, entre outros.
A Multimidialidade/Convergência, no contexto do web jornalismo, multimidialidade, trata-se da convergência dos formatos das mídias tradicionais (imagem, texto e som) na narração do fato jornalístico.
A memória, é o volume de informação diretamente disponível ao usuário é consideravelmente maior no web jornalismo, seja com relação ao tamanho da notícia ou à disponibilização imediata de informações anteriores. Desta forma surge a possibilidade de acessar com maior facilidade material antigo.
O que desperta maior interesse é que, independente do fato de serem aspectos novos ou não, tais características somadas ao suporte digital, configuram uma determinada situação específica e esta sim é uma situação inédita.
O meio referido opera online e a noção de tempo e de espaço são diferentes das utilizadas para o jornal impresso, para a televisão e para o rádio. Na Web, os produtos jornalísticos podem ser atualizados constantemente e o espaço que a informação ocupa não é problema, pois os custos não são muito elevados em termos comparativos com outros meios. Esse último fator implica diretamente na característica memória, pois sem esta possibilidade de armazenamento os web jornais não poderiam disponibilizar seus arquivos.
Também com relação ao espaço, já que este é bem maior do que as páginas do jornal impresso e do tempo em rádio e televisão, questiona-se até que ponto este fator irá influenciar na valoração e hierarquização das notícias no processo de edição, uma vez que o espaço do produto jornalístico pode ser bem maior.
As pessoas estão acostumadas a uma certa periodização no que se refere à recepção de informações jornalísticas. Em situações rotineiras, temos edições, tanto de jornais impressos quanto de programas informativos de rádio ou televisão, que acontecem num intervalo de tempo pré-determinado. Em situações excepcionais, ocorrem edições extras.
Na Web a situação muda, não é preciso esperar o jornal de amanhã ou o noticiário da noite. Em qualquer momento é possível acessar um webjornal e ler as notícias de interesse atualizadas.
No que diz respeito à característica interatividade, dos três tipos referenciados anteriormente, no momento interessam dois: a interação entre pessoas, através da publicação, e a interação do leitor com a publicação.
No outro tipo de interatividade, a interação do leitor com a publicação, as implicações maiores estariam no processo de recepção das notícias, tendo em vista que, navegando pelo web jornal e elegendo o próprio percurso de leitura, os usuários teriam acesso às informações de um jeito muito diferenciado entre si. É possível dizer que diante de um jornal impresso cada leitor faz o seu percurso de leitura ou que diante da televisão convencional cada pessoa troca os canais, durante o telejornal, de acordo com sua vontade.
No web jornal, as possíveis narrativas a serem construídas sobre um fato, dentro de um mesmo web jornal são tantas que não seguem mais o modelo dos meios de comunicação de massa onde há uma mensagem única disseminada para um público.
Cada leitor, então, terá acesso a um conjunto de textos específicos que são determinados pelas suas próprias escolhas na hora da navegação. Somando a estas possibilidades, há ainda os recursos técnicos que viabilizam a personalização de conteúdo.
A hipertextualidade e a multimidialidade estão ligadas. As notícias no web jornal são disponibilizadas numa proposição multi-linear, através de células informativas (Salaverría, 2001) conectadas por links. Tais células podem ser constituídas de textos, sons ou imagens.
A multimidialidade em si não é a novidade no web jornal; a inovação fica por conta do formato de organização e apresentação da informação, que é o formato hiper textual.
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