sexta-feira, 21 de maio de 2010

Trabalho de Técnicas e práticas Cênicas

Análise Semiótica

A semiótica não é uma ciência especial ou especializada, como são as ciências especiais, a física, a química, a biologia, a sociologia, a economia, etc., quer dizer, ciências que têm um objeto de estudo delimitado e de cujas teorias podem ser extraídas ferramentas empíricas para serem utilizadas em pesquisas aplicadas.
A noção de signo é básica na lingüística. Signo é a menor unidade de um código dado. As famílias de signos não cessam de se multiplicar pelo planeta. O desenvolvimento a partir de raízes estruturalistas foi evidente nos trabalhos de Roland Barthes (1915-1980). Ele foi um estruturalista e propagou o programa semiológico de Saussure. Abordando a cultura de massa Barthes analisou e encontrou a chave para as primeiras análises semióticas. Definiu o signo como um sistema constituído de E, uma expressão R em relação e C um conteúdo (ERC). Tal sistema sígnico primário pode se tornar um elemento de um sistema sígnico mais amplo. Se a extensão é de conteúdo, o signo primário se torna a expressão de um sistema sígnico secundário. Neste caso, o signo primário é de semiótica denotativa, enquanto o signo secundário é de semiótica conotativa.
Na crítica literária e cultural, Barthes empregou o conceito de semiótica conotativa para revelar as mais diversas significações ocultas em textos. No seu estudo Mitologias, ele definiu tais sistemas de significações secundárias como mitos. Os meios de comunicação de massa criam mitologias e ideologias como sistemas conotativos. No nível conotativo, ele esconde significações secundárias e ideológicas e no denotativo elas expressam significações primárias “naturais”. Para Barthes, o mito é sempre uma linguagem roubada. Para J. Lotman, “a arte e a cultura em geral são consideradas como sistemas de modelagem secundárias” Para Pierce, é um significado, que aparece como resultado de um acordo interpretativo dos intérpretes do signo. Barthes vê uma nova abordagem de semiologia ou a nova mitologia, já não será capaz de separar tão facilmente o significante do significado, o ideológico do fraseológico.
A teoria semiótica nos habilita a penetrar no movimento interno das mensagens, o que nos dá a possibilidade de empreender os procedimentos e recursos empregados nas palavras, imagens, diagramas, sons, nas relações entre elas, permitindo a análise das mensagens. As mensagens podem ser analisadas em si mesmas, nas suas propriedades internas, quer dizer, nos seus aspectos qualitativos, sensórios, tais como, na linguagem visual, por exemplo as cores, linhas, formas, volumes, movimento, dinâmica, quando, em terminologia semiótica, analisa-se os quali-signos das mensagens. Atitudes levam as pessoas a gostarem ou não das coisas, aproximarem-se ou afastarem-se delas. Esses gostos e desgostos são chamados atitudes. A moda símbolo na essência, parece certo afirmar que à ela se aplica perfeitamente transferência de significados, visando a comunicação integrante de sociedades, onde tudo comunica, sendo assim, o vestuário é comunicação. O indivíduo possui tendência psicológica a imitação e proporciona a satisfação de não estar sozinho. Imitar não só transfere a atividade criativa, mas responsabilidade sobre a ação dele para o outro. A necessidade de imitação vem da necessidade de similaridade. Dos muitos símbolos e expressões, a roupa é uma das mais importantes linguagens não verbalizadas do eu que passa de controle social.
As pessoas procuram comunicar para os outros, esta percepção de si, que demandam a integração social mediante o que é culturalmente aceito. A única alternativa para Baudrillard é a descontração sígnica, ou seja, a desestruturação do código, que se obtém jogando-o contra si mesmo. O signo está apto a provocar em um intérprete sentimentos, isto é, um interpretante emocional. Ícones tendem a produzir esse tipo de interpretante com mais intensidade. Os interpretantes emocionais estão sempre presentes em quaisquer interpretações, mesmo quando não nos damos conta deles. Um signo pode ser energético, que corresponde a uma ação física ou mental, quer dizer, o interpretante exige um dispêndio de energia de alguma espécie. Nas relações entre a imagem e mensagem predomina a complementaridade. Quer dizer as mensagens são organizadas de modo visual seja capaz de transmitir tanta informação que já passaram visualmente e acrescentar informações específicas que o visual não é capaz de transmitir. Isso fica claro nas diferenças das cores que criam uma distinção que vem a ser especificada pelas palavras que dão nome às cores.
As palavras também se relacionam com as imagens, predominando também a complementaridade. Quer dizer, as mensagens são organizadas de modo que o visual seja capaz de transmitir a informação. Os elementos culturais e convenções só funcionam simbolicamente para um interpretante. Dependendo do tipo de intérprete, dependendo especialmente do repertório cultural que o intérprete internalizou, alguns significados simbólicos se atualizarão, outros não. Os interpretantes por estarem no mundo, por fazerem parte dos desígnios da vida, os efeitos que os signos poderão porventura produzir no seu dia-a-dia são tão enigmáticos quanto o próprio desenrolar da vida. Se uma imagem é um bom produto, se vende bem, essa imagem será perseguida sem tréguas e sem limites.
As emoções são signos. Nesse ponto, o caminho parece estar aberto para a nossa análise semiótica como uma emoção que é um signo. Qualquer signo, todo signo, mesmo um signo mental, deve estar corporificado. Estando corporificado, o signo tem qualidades materiais que lhe são peculiares como uma entidade ou evento que ele é, independente de sua função representativa. Em conclusão, o plano dos significantes constitui o plano de expressão e dos significados o plano de conteúdo.

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